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domingo, 1 de abril de 2012

os arquétipos do intelecto, da lógica e da razão

Jack é o arquétipo do "observador" que vê e que, sem embaraços, aponta aos outros aquilo que vê. É o arquétipo de um estado de ser de consciência mais elevada, que já aponta para o seu destino, que possui senso de sentido e direção, uma meta, que é o anseio de felicidade e liberdade.





Na cena ao lado, podemos ver estampado no casco do navio, os números entre 37 e 42, que apontam para um fértil período para a potencialização de um salto quântico da horizontalidade da matéria em direção a verticalidade do Ser.O número 40 é composto de 4 x 10 e simboliza a provação completa que corresponde a toda a responsabilidade do ser humano.




Segundo Jack Tresidder, em seu livro "O grande livro dos símbolos", editado no Brasil pela Ediouro, o golfinho é a representação da salvação, da transformação, da velocidade, do poder do mar, do amor - emblema de Cristo como Salvador. O simbolismo do golfinho provém diretamente da natureza de mamífero marinho amigo, brincalhão e inteligente.



As mitologias grega, cretense e etrusca, em que os golfinhos carregam deuses, salvam heróis de se afogarem ou carregam almas para as Ilhas dos Abençoados, influenciaram seu simbolismo cristão. Foi um atributo das divindades gregas Poseidon (Netuno, na mitologia romana), Afrodite (Vênus), Eros (Cupido) e Deméter (Ceres). Dizia-se que Dioniso (Baco) havia transformado marinheiro bêbados e ímpios em golfinhos, e se transformou num deles para carregar adoradores de golfinhos cretenses para seu santuário em Delfos. Como emblema do Cristo sacrificado, o golfinho pode aparecer perfurado por um tridente ou com o símbolo secretos da cruz de uma âncora. Entrelaçando uma âncora, o golfinho é símbolo de prudência (velocidade refreada). Os herdeiros do trono francês eram chamados de dauphins (delfins), mas sem o simbolismo do golfinho - era um nome pessoal que se tornou título dos governantes da província da Dauphiné e que passou para a coroa francesa do século XIV.

Bruce Ismay, proprietário do Titanic é outro arquétipo da personalidade desvinculada de uma ética, totalmente alienada e envolta em cinismo e disfarçado medo. É o arquétipo da personalidade emocionamente embriagada pela busca de reconhecimento, prestígio e poder, que leva ao fatídico naufrágio do Ser.
Thomas Andrews foi o autor do projeto do que deveria ser o maior, o mais luxuoso e mais seguro transatlântico de sua era. É o arquétipo da limitada sabedoria, da lógica e razão humana. Quase sempre o veremos olhando para o relógio, que é a representação da busca de lógica. Ele é o arquétipo do conjunto de estudos que visam determinar os processos intelectuais que dão condição geral ao verdadeiro conhecimento; é o idealismo absoluto que identifica a realidade com a razão.  


Rose também encarna o arquétipo do nosso estado de ser que não se submete as regras sociais, aos convencionalismos de sua época. É a nossa dimensão feminina que anseia pelo conhecimento do divino e que quebra o protocolo da busca de conhecimento, reservado aos homens na representação do cigarro, caximbo e brandy.
 
 
Rose é a representação da nossa psique em busca da verdadeira sabedoria (Sophia) e que olha com desdém para a escala de valores sociais. É a parte de nossa psique que ousa diferenciar-se das palavras, costumes e desejos de seu meio, para ter acesso à sua própria palavra, costume e desejo. Mais profundamente, aderir à palavra e ao desejo do Ser dentro de si.

Nas cenas seguintes, teremos os arquétipos que representam os estágios da experiência do "absurdo e da Graça". Esta cena retrata o primeiro vislumbre, o primeiro contato com o estado de maravilhamento, de encantamento causado pela Graça, contato este que quando ocorre transforma por completo a visão de mundo de quem o vivencia. É o momento de fascínio diante da beleza do momento mágico de contemplação divina. Como nos dizeres de Paul Brunton, extraídos do livro "Idéias em Perspectivas", "Quanto mais o aspirante se aproxima do Eu Superior, mais ativamente a Graça pode atuar nele. A razão disso está na própria natureza da Graça, uma vez que ela nada mais é do que uma força benigna que emana do Eu Superior. A graça sempre está presente, mas pela predominância da natureza animal e do ego é impedida de chegar à percepção do aspirante. Quando essa predominância é suficientemente demolida, a Graça entra em ação cada vez mais freqüentemente, tanto através de Vislumbres como por outros meios.
Tommy Ryan e Frabriccio representam o arquétipo da nossa natureza de auto-boicote, de auto-engano, que nos impulsiona sempre ao sono, ao conformismo, à estagnação, aquele lado que afirma "que não somos dignos de que a Graça entre em nossa morada". É o arquétipo da personalidade que dorme, que não está atento, que não se encontra em estado de vigia. No entanto, a personalidade expandida, não dá ouvidos a influência estagnante, sente que algo maior, algo de um nível mais elevado lhe tocou interiormente, e guarda este sentimento de forma silenciosa, anônima; este é o arquétipo da experiência iniciática da Graça, do despertar para a existência de sua Real Natureza, a qual, uma vez vivida, torna-se incapaz de ser esquecida ou abandonada.

Esta cena retrata a experiência do absurdo, a experiência da instalação do fundo de poço causado diante da constatação do profundo deserto espiritual presente em nossa vida de relação. Este é um momento que, apesar de doloroso, é o mais importante para que aconteça um "enamoramento iniciático" que aponta para a busca de síntese. Nestas cenas, temos a representação de um estado de ser de completa aflição, completo desespero, numa desesperada busca para por fim a tamanho desespero diante da constatação de um modo vazio e sem sentido de ser. É uma representação do total vazio interior e da necessidade de transpor este vazio, a necessidade de aceitar a ausência — que às vezes é de pessoas, às vezes de nós mesmos, quando nos sentimos sem amor, vazios de alegria, felicidade e liberdade e, no entanto, existe uma passagem pelo vazio, pelo deserto. É interessante observar sempre durante este filme, o posicionamento das luzes. Mesmo nos momentos mais escuros, existe uma Luz sobre nossa mente, sobre nosso ser em desespero, ainda que não possamos vê-la.
Aqui é o arquétipo da mulher que se inclina do lado de fora do túmulo de uma existência sem vida e chora. Nesse momento de total escuridão, nosso lado feminino precisa se inclinar e olhar de frente para seu próprio vazio. É no coração do nosso vazio que escutamos a voz do anjo que é o intermediário entre o mundo da Luz e o mundo da sombras que nesse momento atravessamos...







Mulher, porque choras? A quem buscas?" (João 20:15). Rose encarna aqui o arquétipo da Sophia, que não reconhece a presença do divino em si e no desconhecido, no estrangeiro de outra classe. Como Rose, temos que ultrapassar nossa desconfiança para podermos reconhecer e aceitar a ajuda que aponta para a Graça e ultrapassar os degraus da inconsciência.

Um texto que descreve bem esta cena, vem do livro Trabalhando com Alma, da Ed. Cultrix: "Todo fracasso no enfrentamento de uma situação de vida deve ser creditado, em última análise, a uma limitação de consciência". Todos nós precisamos examinar as limitações que impomos a nós mesmos e que nos impedem de executar o trabalho de nossa alma

Isso significa que não debateremos, às vezes de modo desajeitado, em situações de crise, mas podemos aprender a "nos debater com bravura" e a procurar as oportunidades que nossa alma oferece. Muitas das nossas responsabilidades resultam das escolhas que fazemos na vida. Algumas delas são da nossa Real Natureza e outras, da personalidade ilusória. Quando se trata de escolhas de nossa Real Natureza, nos sentimos realizados e experimentamos a sensação de termos tomado a decisão certa. As escolhas da personalidade ilusória são mutáveis, de modo que o que satisfaz num determinado momento pode não satisfazer tempos depois. Como abrigamos simultaneamente, Real Natureza e Personalidade ilusória, nem sempre é fácil distinguirmos qual delas está falando conosco.
Esta cena nos mostra que nossos relacionamentos com os outros são essenciais em nossa vida, e nós precisamos buscar formas criativas de satisfazer as necessidades deles e também as nossas. Esta cena aponta para o fato da nossa ilusão de separatividade. Lembra-nos de que vivemos uma interdependência, não estamos sós, somos todos Um.

Estas cenas remetem as tentações do ego para nos distrair do processo que nos leva ao encontro de nossa Real Natureza. É o arquétipo da tentação de Cristo no Deserto. É a Passagem de cada um de nós pela Porta. Depois que a alma, com o espírito mais apaziguado, volta “do seu Jordão” para o “deserto de seus aposentos”, é tentada pelo Ego que lhe pede para que abra seu coração para ele, numa tentativa de abortar seu processo de auto-conhecimento.
Mas a alma já pressente que os bens exteriores não substituirão jamais o bem interior, que só é conquistado através da morte em cada plano de consciência interior adquirida. “Tu, portanto, se me adorares, tudo isso será seu (Lucas 4:7)”. “Tendo então esgotado toda tentação possível, o diabo afastou-se dele até o momento fixado (Lucas 4:12)”  


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